Prefeitura de Joinville inaugura prédio anexo do Museu de Sambaqui para abrigar acervo com mais de 100 mil peças

Publicada em 27/05/2025 às 14:08
Relacionado a: Secretaria de Cultura e Turismo - SECULT

Nesta terça-feira (27), ocorreu a inauguração do anexo do Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville (MASJ), que passará a abrigar a reserva técnica, onde serão guardadas mais de 100 mil peças do acervo que não estão em exposição, laboratórios, área administrativa, coordenação, além de sala de reunião e sala de arqueologia, museologia e educativo. Os espaços expositivos permanecem no prédio atual e estão abertos a visitação.

Para a construção da edificação de três pavimentos foram investidos R$ 2.778.969,02. A Prefeitura de Joinville, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult), investiu R$ 1.528.969,02, e o Instituto Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), viabilizou R$ 1.250.000,00.

Também foram investidos R$ 112 mil, com recursos da Prefeitura, para a revitalização da calçada, mudança das esquadrias da edificação existente, pintura, entre outras melhorias relacionadas à manutenção predial. Com isso, o acervo do MASJ pode dobrar de tamanho.

O prefeito Adriano Silva lembrou que a região do Museu de Sambaqui é frequentemente afetada por enchentes e, com o anexo, será possível manter o acervo salvaguardado.

“Este é um momento de pensarmos naqueles que habitaram aqui há muitos anos atrás e em quem nós seremos daqui alguns anos. Nossa função é preservar o passado e pensarmos no legado que está sendo construído por nós”, afirma.

O projeto de arquitetura contemporânea foi desenvolvido pela Associação de Municípios do Nordeste de Santa Catarina (Amunesc). A fachada principal do museu possui brises, que auxiliarão no conforto térmico e também na iluminação dos espaços.

Passado recheado de história

Segundo a superintendente do Iphan em Santa Catarina, Regina Helena Meirelles Santiago, o MASJ é uma das principais instituições que atuam na guarda e pesquisa de materiais arqueológicos em Santa Catarina e se destaca por seu trabalho de dar visibilidade ao público sobre a arqueologia, concentrando-se nos povos construtores de sambaquis, que viveram na região há mais de 5 mil anos.

“Por entender a importância de ampliar essa capacidade expositiva e de pesquisa, o Iphan destinou recursos de compensação de licenciamento ambiental para a construção do novo edifício anexo. Estamos muito satisfeitos em ajudar a elevar ainda mais sua capacidade expositiva e sua atuação na preservação e pesquisa de acervos”, afirma.

O secretário da Secult, Guilherme Gassenferth, destaca que a história de Joinville se inicia pelos povos originários, especialmente os sambaquianos.

“A ampliação do Museu de Sambaqui garante futuro a este acervo tão rico e dá mais estrutura para permitir as pesquisas de nossa equipe técnica, que desvendam cada vez mais essa rica cultura tão presente em nossos sítios arqueológicos”, ressalta.

Guilherme lembrou durante seu discurso que há sambaquis no Japão, na Noruega, nos Estados Unidos, no Chile e em vários locais do mundo. Mas, em todo o planeta, a maior concentração de sítios arqueológicos do tipo sambaqui no mundo está na região.

“São quase 200 sítios arqueológicos como estes no entorno da Baía Babitonga. E esta é a principal e mais especializada instituição de pesquisa destes sítios no país, talvez no mundo”, afirma o secretário.

Segundo ele, com a inauguração do novo anexo, sendo um espaço acessível e moderno, será possível continuar respeitando o passado e dialogando com o presente.

“A equipe está higienizando, catalogando e digitalizando os registros de cada uma das 100 mil peças que compõem o acervo. Elas não serão apenas transportadas para o novo prédio, mas aproveitaremos a oportunidade para aprofundar e aprimorar ainda mais o que sabemos do nosso passado”, completa.

Para o superintendente regional do DNIT em Santa Catarina, Alysson Rodrigo de Andrade, o apoio à construção do novo prédio representa um compromisso significativo com a preservação da memória e da identidade cultural brasileira.

“O convênio do DNIT com o Iphan visa proteger e valorizar o acervo arqueológico, testemunho de povos que habitaram a região há mais de 5 mil anos. Essa iniciativa demonstra como órgãos voltados à infraestrutura podem contribuir para a salvaguarda do patrimônio cultural, promovendo a integração entre desenvolvimento e conservação histórica”, afirma.

Com 858,50 m² de área construída, no térreo do anexo do Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville (MASJ) ficam as áreas de apoio, como depósito, banheiros para os funcionários e estacionamento fechado. O primeiro pavimento abriga as áreas especializadas, incluindo laboratórios, depósito de acervo e almoxarifado. Já o segundo andar, é destinado às atividades de pesquisa, gestão administrativa e atendimento dos servidores.

História do MASJ

Em outubro, o Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville (MASJ) fará 53 anos e ao longo da história busca preservar os vestígios de populações pré-coloniais. Ele foi criado após a Prefeitura comprar a coleção arqueológica de Guilherme Tiburtius com mais de 12 mil peças vindas do litoral norte catarinense e sul paranaense. Artefatos arqueológicos em pedra, ossos humanos e de animais, conchas e também peças etnográficas – cerâmica, cestaria, flechas, fotografias, assim como todos seus registros escritos, fazem parte da coleção.

O MASJ vive em constante crescimento dos acervos, seja por doações particulares, pesquisas arqueológicas e descobertas de novos sítios, e atua na proteção do patrimônio arqueológico municipal e regional, guardando os materiais arqueológicos da região. São mais de 100 mil artefatos que evidenciam a cultura e o estilo de vida dos povos originários e indígenas.

Atualmente, duas exposições estão abertas ao público: “Acervos do sambaqui: coisas a olhar” e “Sambaquis: monte de conchas, monte de histórias”. O Museu fica na rua Dona Francisca, 600, no Centro de Joinville. Funciona de terça-feira a domingo, das 10h às 16h, e o acesso é gratuito. É possível fazer um tour virtual pelo MASJ no site sambaquijoinville.sitevr.com.br.

Compartilhe

Skip to content