O dia nem tinha amanhecido e a movimentação na Biofábrica do Método Wolbachia, que agora atua como Núcleo Regional de Produção, já era grande nesta quarta-feira (27). Expectativa e alegria eram os sentimentos compartilhados pela equipe que nos últimos dias trabalhou na produção dos Wolbitos, que começaram a ser soltos na segunda fase de implantação do método em Joinville.
A rota, neste primeiro dia, contemplou os bairros Glória, Santo Antônio, Bucarein e distrito de Pirabeiraba. No Glória, as primeiras solturas foram na rua Campo Alegre. Um aplicativo mapeia os endereços e indica os pontos onde as solturas devem ser realizadas.
As solturas também ocorreram em outros municípios catarinenses. Ainda na madrugada, equipes da Vigilância Ambiental de Joinville acompanharam as equipes de Blumenau para auxiliar na primeira soltura realizada no município do Médio Vale. Em Balneário Camboriú, a soltura teve o apoio de profissionais da Wolbito do Brasil.
Em Joinville, as liberações ocorrem de terça a sexta-feira, no início da manhã, a partir das 6h, aproveitando as condições climáticas favoráveis e o pico de atividade do mosquito. Todas as solturas são realizadas pelas equipes da Vigilância Ambiental e Wolbito do Brasil, em carros identificados e profissionais habilitados. Cada rota leva, em média, duas horas para ser concluída.
Em cada ponto de soltura, é aberto um frasco com até 300 mosquitos. As equipes técnicas estabeleceram para Joinville 3.844 pontos de soltura, distribuídos em 84 rotas, que são acompanhadas por aplicativo. A estratégia prevê 26 semanas de liberações em campo até o início de 2026.
Além dos bairros Glória, Santo Antônio, Bucarein e o distrito de Pirabeiraba, também serão contemplados nesta segunda fase os bairros Adhemar Garcia, Anita Garibaldi, Boehmerwald, Dona Francisca, Itinga, Jardim Paraíso, Nova Brasília, Rio Bonito, Saguaçu, e Vila Cubatão. A área de soltura abrange 150 mil moradores. Em 2024, a primeira fase do método contemplou 17 bairros e beneficiou 360 mil moradores.
O Gerente de Implementação da Wolbito do Brasil, Gabriel Sylvestre, detalha que, nesta nova fase, a biofábrica em Joinville passa a atuar como um Núcleo Regional de Produção porque oferece a estrutura necessária para atender aos municípios vizinhos.
“Joinville entra na segunda fase contemplando mais de 150 mil pessoas, chegando a 75% do município coberto. A estrutura física em Joinville é muito boa. A Prefeitura conseguiu criar um ambiente muito propício a produção dos mosquitos e a equipe técnica da cidade é pró-ativa e muito boa no que faz. Então, o conhecimento técnico ligado a boa vontade, a pró-atividade operacional, garantiu uma boa execução do projeto por aqui. Serve de exemplo para outras cidades no Brasil e tem nos ensinado muito a como prosseguir nas próximas etapas”, avalia Sylvestre.
O Núcleo Regional de Produção em Joinville produz cerca de 3,5 milhões de mosquitos por semana, que serão distribuídos para Joinville, Balneário Camboriú e Blumenau. A expectativa é que estes Wolbitos se reproduzam em campo, se estabeleçam nessas regiões e assim possam garantir a proteção das pessoas.
Para o prefeito de Joinville, Adriano Silva, Joinville ter se tornado um Núcleo Regional de Produção é um reconhecimento dos esforços do município em trazer o Método Wolbachia para Santa Catarina.
“Quando começamos o trabalho com o Ministério da Saúde, Fiocruz, Secretaria do Estado da Saúde e Secretaria da Saúde de Joinville, trouxemos um método inovador no Brasil que poucas cidades haviam implementado. A infraestrutura de Joinville, nossos servidores e o investimento que a Prefeitura fez na biofábrica nos deu condições para sermos hoje parceiras de outros municípios que, com certeza, terão resultados muito promissores como nós já estamos tendo em Joinville”, afirma o prefeito.
O Método Wolbachia auxilia na redução da transmissão de arboviroses como dengue, zika e chikungunya e integra uma série de ações estratégicas promovidas pela Prefeitura de Joinville, por meio da Secretaria da Saúde, para diminuir o número de casos de dengue no município. Ações como mutirões, campanhas de conscientização como o Dez Minutos Contra a Dengue e ações educativas sobre a eliminação de possíveis criadouros do mosquito são iniciativas contínuas realizadas pelas equipes da Vigilância Ambiental.
O Método Wolbachia
O Método Wolbachia é uma tecnologia inovadora e sustentável conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Ministério da Saúde e operada pela Wolbito do Brasil que utiliza mosquitos Aedes aegypti que carregam a Wolbachia, uma bactéria presente naturalmente em mais da metade dos insetos da natureza, inclusive nas abelhas, por exemplo.
Quando os mosquitos com Wolbachia se reproduzem com os mosquitos locais, transmitem a bactéria para seus filhotes e assim, sucessivamente, aqueles mosquitos deixam de transmitir as doenças.
Os dados mais recentes divulgados pela Wolbito do Brasil mostram que na cidade de Niterói, o Método auxiliou na redução de 89% dos casos de dengue. Essa tecnologia é utilizada também em 15 países e outras cidades brasileiras como Belo Horizonte e Campo Grande, além de Joinville onde os indicativos são promissores.
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