A Secretaria da Saúde de Joinville, por meio do Centro de Educação e Inovação em Saúde (CEIS), promoveu nesta sexta-feira (14/11) uma capacitação para cerca de 200 profissionais de saúde bucal com foco no atendimento de pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Além de profissionais da Saúde de Joinville, trabalhadores de outros sete municípios participaram da formação, com foco na humanização e qualificação do atendimento odontológico no Sistema Único de Saúde (SUS). A secretária da Saúde de Joinville, Daniela França Cavalcante, e o secretário de Saúde de Araquari, Valmir Santiago Júnior, participaram da abertura do evento.
“É uma satisfação que, dentro das nossas equipes de Estratégia de Saúde da Família, a gente possa fazer a diferença juntos e contribuir para quebrar barreiras, preparando nossos profissionais com um olhar para as diferenças. Quando falamos de pessoas com TEA, estamos falando de crianças, mas também de adultos, todos cidadãos e com necessidades dentro da saúde”, enfatizou a secretária da Saúde de Joinville, Daniela França Cavalcante, durante a abertura do evento.
Além de profissionais de saúde bucal de Joinville, o encontro contou com a presença de profissionais de Araquari, São Francisco do Sul, Barra Velha, Garuva, Rio Negrinho, São João do Itaperiú e Guaramirim, todos atuantes no serviço público de saúde.
O evento também promoveu capacitação sobre biossegurança no SUS, com a professora e cirurgiã dentista Indiara Henn, e sobre protocolos terapêuticos eficazes para lesões cervicais não cariosas e hipersensibilidade dentinária, com o professor e cirurgião-dentista Edward Werner Schubert.
Empatia e treinamento técnico para atender pacientes com TEA
Especialista no atendimento a pacientes especiais, a professora e cirurgiã-dentista Veridiana Pereira de Sá de Freitas falou sobre o cenário de atendimento do TEA na odontologia. Ela explica que os estímulos sensoriais e a pouca previsibilidade do atendimento odontológico convencional nem sempre atendem às necessidades sensoriais, emocionais e comportamentais da pessoa com TEA.
“A rotina tradicional da odontologia é rápida, objetiva e pouco adaptada, o que contrasta com a necessidade de tempo, ambientação e previsibilidade que esses pacientes precisam. Barulhos intensos, luz forte, cheiros característicos e o toque dentro da boca podem causar grande desconforto para eles. Além disso, muitos pacientes têm dificuldades de comunicação”, ressalta.
Segundo a especialista, um atendimento estruturado e sensível às particularidades do TEA contribui diretamente para o desenvolvimento do paciente não só no atendimento odontológico, mas também nos demais atendimentos de rotina deste usuário dentro de uma unidade básica.
Entre as medidas eficazes para a qualificação deste atendimento está a melhoria na condução do atendimento ao paciente com TEA dentro de cada unidade básica; a redução do estresse do paciente e equipe; o reforço no vínculo de segurança e a padronização de protocolos adaptados para a Atenção Primária.
“Atender o paciente com TEA exige empatia, paciência e treinamento técnico. Quando o profissional compreende o comportamento, adapta o ambiente e se comunica de forma estruturada, a experiência se transforma para o paciente, para a família e para a própria odontologia”, avalia.